30 de jan. de 2011

Ressaca







“Eu nunca mais vou beber!”. Quem nunca ouviu ou proferiu esta inacreditável frase depois de uma revoluta experiência de bebedeira? Os nefastos sintomas denominados como ressaca (ou veisalgia) predispõem à perda da percepção verdadeira, ocasionando assim, em promessas e arrependimentos provisórios até o próximo gole. 

Associada à intoxicação aguda pelo álcool, a ressaca normalmente inicia-se entre 6 e 8 horas após o seu consumo. Devido a grande variabilidade e subjetividade dos sintomas e a falta de instrumentação capaz de medi-la, a ressaca ainda é um mistério que nem mesmo Dionísio (para outros, Baco) foi capaz de compreender.

Dentre as hipóteses das causas mais prováveis da ressaca podemos citar:

  • A ressaca como resultado dos efeitos diretos do álcool em diferentes sistemas fisiológicos: a dor de cabeça, um dos sintomas mais comuns, pode ser explicada pelos efeitos de vasodilatação. O aumento da citocina pode causar náusea, diarréia, cansaço, perda de memória e alteração do humor. A hipoglicemia pode levar a estados de fraqueza, cansaço e mudanças de humor. O sono pode ser prejudicado pelo aumento da atividade cerebral e pelas alterações nos níveis hormonais que os regula.

  • A ressaca como consequência dos efeitos de congêneres nas bebidas alcoólicas: as bebidas alcoólicas contêm diversos congêneres (compostos químicos), etanol, aminas, amidas, cetonas, polifenóis, e outras substâncias que dão sabor e cor às bebidas alcoólicas. Esses congêneres podem exercer diversos efeitos no organismo, sendo os efeitos tóxicos considerados potenciais causadores de alguns sintomas da ressaca. As bebidas alcoólicas com maiores níveis de etanol induzem mais efeitos tóxicos e ressaca. Em paralelo, o consumo dessas bebidas com alta concentração de congêneres (vinho tinto, uísque, conhaque e tequila) aumenta a freqüência e intensidade dos sintomas da ressaca, em comparação a bebidas “claras”, como rum, gin e vodka, geralmente com pouco aditivos.

  • A ressaca como uma crise de abstinência: a ressaca seria como uma primeira fase de abstinência alcoólica aguda, com base em vários pontos em comum na sintomatologia da ressaca e abstinência, tais como: dor de cabeça, náuseas, tremor e prejuízo cognitivo.

  • A ressaca como resultado dos efeitos do acetaldeído: no organismo, o álcool é metabolizado pela enzima álcool desidrogenase e transformado em acetaldeído (substância tóxica ao organismo). Este, por sua vez, é metabolizado pela enzima acetaldeído desidrogenase e transformado em acetato, gás carbônico e água. Em altas concentrações, o acetaldeído é capaz de produzir efeitos tóxicos adversos (como taquicardia, sudorese, náusea e vômito).


Os principais sintomas que podem ser observados nos incansáveis beberrões: dor de cabeça, mal-estar, sensibilidade à luz, diarréia, perda de apetite, tremor, náusea, fadiga, aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, desidratação (boca seca, sede extrema e olhos ressecados), problemas de concentração, ansiedade, dificuldade para dormir e fraqueza. 


A gravidade e o número de sintomas variam de pessoa para pessoa. E quanto mais álcool for consumido, pior será a ressaca!

Então, como curar uma ressaca? No momento que ela já está instaurada o melhor remédio é o descanso associado à recuperação de líquidos, eletrólitos e glicose. As bebidas isotônicas são ótimas alternativas. Já as bebidas cafeinadas não são recomendadas, pois aumentam a diurese. O uso de inibidores da prostaglandinas (aspirina; p. ex.) pode ser uma boa indicação. E rebater a ressaca com álcool só adia a recuperação do organismo.

E para os mais ajuizados, a relação 1 copo de bebida alcoólica para 2 copos de água é um santo remédio.

Autor: João Emanuel 

Um comentário: